#HomofobiaÉDoença
Comunidade LGBT protesta
Motivo é a decisão do juiz federal que gerou polêmica por interpretação de que teria indicado a cura gay
Jô Folha -
Ato público e caminhada foram realizados na tarde desta sexta-feira (29), pela Comunidade LGBT de Pelotas, em protesto contra a decisão do juiz federal Waldemar Cláudio de Carvalho, que concedeu liminar parcial em uma ação popular movida por uma psicóloga e outras pessoas, contra o Conselho Federal de Psicologia (CFP). O juiz manteve os termos da Resolução 01/99, que orienta profissionais de psicologia nos atendimentos sobre orientação sexual, ao contrário do entendimento do CFP, que quer derrubá-la. O caso ganhou repercussão nacional e inúmeros protestos nas redes sociais, contra o que foi interpretado como cura gay.
O protesto realizado no Largo Edmar Fetter reuniu dezenas de pessoas e, segundo o coordenador, Caio Viscardi Júnior, também se configurou em um momento para troca de experiências. Muitos se pronunciaram, falaram dos problemas enfrentados com relação ao preconceito, fizeram desabafos e relataram episódios constrangedores pelos quais passaram, ressaltando sempre que não pessoas doentes.
>>> Confira uma galeria de fotos do protesto desta sexta-feira
O transgênero Diego Hartwig, 18, contou que se descobriu homem em um corpo der mulher há dois anos, mas sempre carregou o preconceito e os comentários de que era lésbica. "Eu estava no corpo errado", afirmou. Caio Viscardi Júnior, 18, disse que sua luta é em memória dos que já se foram e dos que ainda vivem e passam por todo o tipo de preconceito e ignorância. "Não entendo o motivo pelo qual as pessoas carregam tanto ódio", falou.
O gay e drag queen Bruno Carvalho, 20, esteve à frente da mobilização, que foi extremamente organizada. Também discorreu sobre o preconceito e ignorância de muitos com as questões de gênero e orientação sexual. "Se eu quiser andar montada 24 horas eu ando. Tenho esse direito. Ninguém tem de se meter", afirmou. Durante o ato também foram lidos poemas. Após, os participantes saíram em caminhada pela praça Coronel Pedro Osório e calçadões das ruas 15 de Novembro e Andrade Neves, retornando ao Largo Edmar Fetter.
Decisão
O juiz federal Carvalho considerou na sua avaliação que "os psicólogos devem contribuir com seu conhecimento para uma reflexão sobre o preconceito e o desaparecimento de discriminações e estigmatizações contra aqueles que apresentam comportamentos ou práticas homoeróticas e não poderão exercer qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados.
Afirma ainda em seu parecer, que os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura da homossexualidade. Também não podem se pronunciar publicamente de modo a reforçar os preconceitos sociais em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica. O CFP interpôs agravo de instrumento contra decisão no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, por entender que a liminar não agrega nenhum benefício para a discussão da causa e ainda traz graves prejuízos à população LBGT. Entende, nesse caso, que a interferência extrapola a competência do Judiciário, ao dizer como um conselho profissional deve interpretar a sua própria norma.
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